25/05/2020 - 16h09
O humano como presente e futuro - Artigo de Rodolfo Araújo
Os responsáveis por pessoas, cultura e mudança estão no centro da resposta corporativa ao Covid-19, diz o autor
Por Rodolfo Araújo*
A pandemia do Covid-19 feriu dramaticamente a saúde pública e o bem-estar econômico dos indivíduos, não deixando nenhuma geografia ou indústria intocada. Com os impactos finais desconhecidos, grande parte da sociedade vive dias cercados de preocupação e medo.
Mesmo diante de histórias perturbadoras, no entanto, vale a pena pensar nos aspectos humanos que mostraram alguma positividade neste capítulo da nossa história. Este, sem dúvida, testa diariamente a resiliência do espírito humano capaz de inspirar a compaixão, generosidade e engenhosidade que, (in)felizmente, somente uma crise pode produzir.
De fato, estamos vendo líderes, empregados e organizações se destacarem, respondendo à pandemia com um firme compromisso de colocar a segurança e o bem-estar de seus funcionários em primeiro lugar. Eles estão vivendo seus valores; evoluindo rapidamente para atender às necessidades emergentes; criando novas soluções para os funcionários e cumprindo seus compromissos com a sociedade e o mundo. Além disso, estão repensando o futuro.
Em um período em que as regras tradicionais não se aplicam mais e as normas são negociadas diariamente, é hora de definir os parâmetros do novo normal a partir do que é mais importante: as pessoas. Um forte senso de prontidão, que combina capacidade de se recuperar e preparação para o futuro, determinará os primeiros a emergirem com força deste abalo sísmico.
Os responsáveis nas empresas por pessoas, cultura e mudança estão no centro da resposta corporativa à Covid-19 - desde liderar uma transição para o ambiente remoto da noite para o dia, implementando medidas para garantir a segurança dos trabalhadores da linha de frente, passando por difíceis decisões sobre a continuidade dos negócios.
Nas próximas semanas, CEOs e conselhos tomarão decisões difíceis sobre prioridades estratégicas, oportunidades, vulnerabilidades operacionais, sistêmicas e culturais. Transformações dessa natureza e de longo alcance devem ser lideradas por aqueles que articulam como uma organização e suas pessoas entendem e se adaptam às mudanças.
Algumas questões podem contribuir para que esta reflexão comece já: que novas expectativas os empregados terão para o relacionamento com suas empresas no pós-Covid e como os empregadores podem atender à demanda? Que normas culturais estão surgindo em um ambiente de trabalho amplamente remoto e como os empregadores podem codificar o positivo e "desaprender" o negativo? De que recursos de gestão de mudanças as organizações preparadas para o futuro precisarão para responder a ameaças comerciais ainda não imaginadas?
Numa época em que pessoas e organizações são particularmente vulneráveis, há muito a ganhar com a proatividade. Vencerão aqueles que não estão apenas antecipando o futuro, mas aproveitando as oportunidades para moldá-lo a cada passo ao longo do caminho.
*Rodolfo Araújo é vice-presidente para a América Latina na United Minds, divisão de consultoria da Weber Shandwick.
Foto: Divulgação