21/01/2017 - 13h00
No futuro, a gestão 3.0 poderá assegurar a sobrevivência das empresas
Por Marcelo Scharra*
Mais do que uma simples promoção ou serviço exclusivo, os consumidores contemporâneos também têm demonstrado interesse nas ideologias das marcas que consomem. Afinal, não basta comprar – é necessário também fazer parte de um movimento por trás de cada compra, que represente o sentimento coletivo de ‘pertencimento’, com propósitos verdadeiramente sustentáveis e reais.
Tal inovação tem movimentado não só o mercado, mas também o organograma das empresas, que precisaram entrar em constante renovação para captar e executar as novas necessidades de seus clientes. É o caso da gestão 3.0, um movimento de modernização para líderes e gestores de equipes que visa redefinir o conceito de Liderança, transformando-o em uma atitude muito mais ampla do que a de gerenciamento e controle de tarefas, demandas e entregas.
Para obter os melhores resultados aproveitando as habilidades individuais dos membros das equipes, o novo modelo de gestão procura dividir as responsabilidades e conhecimentos, tendo como objetivo principal a sustentabilidade e a excelência nas demandas. Entre as diferenças da gestão tradicional para a 3.0, está a visão e os objetivos de cada empresa. Os modelos clássicos de gerenciamento priorizam os resultados, a lucratividade e a construção de marcas ou produtos visando a liderança de mercado, ou seja: a sua visão é de dentro da companhia para fora.
Já na gestão 3.0, o movimento é inverso, pois o gerenciamento busca priorizar o mercado e suas necessidades, inclusive, as dos colaboradores da empresa. Ao invés de tentar introduzir sua visão e valores ao mercado, a gestão 3.0 procura estimular a visão de fora para dentro da empresa, priorizando a sua razão de ser, bem como os seus benefícios ou serviços para a sociedade como um todo.
Para se tornarem gestores 3.0, os líderes devem procurar se tornar ‘facilitadores’, compreendendo a fundo as empresas, seus respectivos mercados e públicos-alvo, bem como o potencial de suas equipes. Somente dessa forma, é que eles poderão unir todas as habilidades e recursos disponíveis, criando soluções efetivas e vantajosas para o mercado.
Entretanto, nem só de mudanças no gerenciamento de processos vive a gestão 3.0: ela também envolve a contribuição e visão dos colaboradores do seu papel dentro das empresas. Afinal, quando as marcas atuam de forma diferente daquela apresentada em sua proposta de valor, os funcionários acabam se desestimulando, pois desejam fazer parte de projetos que os orgulhem.
Com a gestão 3.0, os setores de recursos humanos ganham a oportunidade de engajar os colaboradores de maneira genuína e profunda. O mesmo ocorre com a gestão de marketing, porém, sob o olhar dos consumidores. Afinal, o marketing contemporâneo também segue a mesma diretriz da gestão 3.0, pois prioriza a sustentabilidade e o propósito de suas campanhas, principalmente, em um mundo repleto de desafios políticos e dilemas diplomáticos relacionados ao meio ambiente.
Nesse sentido, a tecnologia tem sido uma grande aliada da efetivação da gestão 3.0, pois automatiza processos e diminui a distância entre os clientes e empresas, aumentando a velocidade e transformação do mercado. Com a gestão 3.0, as empresas mais valorizadas pelas comunidades serão aquelas que economizarem recursos, resolvendo problemas e oferecendo boas soluções.
Para atingirem os consumidores modernos, que se preocupam cada vez mais com os valores das empresas, é que a gestão 3.0 deve ser amplamente difundida. Trata-se de uma questão não apenas de melhoria, mas de sobrevivência para as marcas, pois a adoção de um modelo de gestão flexível em detrimento do modelo linear tradicional fará toda a diferença em seus resultados no decorrer dos anos, principalmente, em um mercado cujo público-alvo é cada vez mais exigente, moderno e conectado.
*Marcelo Scharra é consultor de gestão da Inside Business Design. É formado em Administração de Empresas pela PUC-SP, com especialização em Finanças pelo Insper. A Inside é uma consultoria de Gestão que identifica, propõe metas e ajuda a solucionar problemas estratégicos, apresentando resultados efetivos de curto prazo. Marcelo é, ainda, palestrante e colaborador do centro de empreendedorismo do Insper.